quarta-feira, 29 de maio de 2013

Há dois tipos de escritores


Professor Kjell Espmark delivering the Presentation Speech for the 1998 Nobel Prize in Literature (Foto: Hans Mehlin)
No dia dos Museus, 18 de maio, assisti na Gulbenkian a uma conferência de Lídia Jorge sobre Clarice Lispector. Uma das coisas que registei foi a citação que Lídia Jorge fez do discurso de elogio a Saramago feito por um membro da Academia Sueca na cerimónia de entrega do prémio Nobel. Lídia Jorge fez essa citação de memória mas, fundamentalmente, disse que havia dois tipos de escritores. Já tinha feito tentativas para encontrar esse discurso e hoje fui bem sucedido. O que foi afirmado foi: "There is one type of writer who, like a bird of prey, circles time and again over the same territory. Book succeeds book, in progress towards a coherent picture of the world. José Saramago belongs to the opposite category, writers who repeatedly seem to want to invent both a world and a style that is new". O discurso completo está aqui.
Segundo Lídia Jorge um exemplo de escritor do outro tipo é Virgílio Ferreira. Virgílio Ferreira que a tinha aconselhado a ler Clarice Lispector.

domingo, 19 de maio de 2013

Clarice Lispector


“Mas eu denuncio. Denuncio nossa fraqueza, denuncio o horror alucinante de morrer – e respondo a toda essa infâmia com – exatamente isto que vai agora ficar escrito - e respondo a toda essa infâmia com a alegria. Puríssima e levíssima alegria. A minha única salvação é a alegria.”
(Clarice Lispector - do livro: Água Viva)
Exposição na Gulbenkian até ao dia 23 de junho.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

9 de maio, dia da Europa

Europa, Felix Vallotton (1865-1925)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O material tem sempre razão


Hoje é um dia em que a politiquice, a pura coreografia política, a ilusão, o dolo, vão atingir limites de insulto a todos os portugueses que estão a empobrecer. Esta dança entre Passos Coelho e Portas (e deliberadamente escrevo antes de Portas falar) é a utilização da comunicação social e de alguns truques demasiado conhecidos para "todos se sairem bem", com o objectivo de nos distrair e enganar. É corrrupção das mentes, tão grave quanto a dos bolsos, é exactamente tudo aquilo que desagrega velozmente uma democracia. Metáforas habilidosas, recursos semânticos de um autor de títulos de soundbyte, frases que pretendem ser virais, desculpas apresentadas como vitórias, imagem, imagem, imagem, vaidade, vaidade, vaidade. E pequenez disfarçada de esperteza.

O combate contra o governo incompetente, arrogante e destruidor que temos, que vive do medo das pessoas de perderem o mais básico da sua vida, vai acabar por ter mais do que uma dimensão política, vai ter uma dimensão de dever, de obrigação, uma dimensão ética. Com este tipo de coerografias dolosas, sem respeito por ninguém, sem sentido de responsabilidade, e muito menos de estado, está-se a abrir o caminho para a desobediência civil. E estou a dizer exactamente o que quero dizer.
José Pacheco Pereira no Abrupto (5 de maio de 2013)