quinta-feira, 26 de julho de 2012

Macbeth

Macbeth (1948): Macbeth (Welles) e Lady Macbeth (Jeanette Nolan)

A história de Macbeth é intemporal, e tão relevante hoje, em que cada dia há massacres de inocentes, como no dia em que Shakespeare a apresentou ao rei Jaime I, por ocasião da visita do rei da Dinamarca, em 1606. A tragédia de Macbeth é uma análise política de um golpe de estado e das suas consequências: os efeitos psicológicos e desintegração da personalidade quando entregue às forças malignas, sem esperança de redenção.
Mas Macbeth também é um thriller com um desenrolar rápido, intenso, cheio de humor e vulnerabilidade no meio da brutalidade e forças do sobrenatural.
Pela sua força e complexidade, ‘Macbeth’ é comparável a outras grandes obras de Shakespear, como ‘Hamlet’ e ‘Romeu e Julieta’. As paixões que estão em cena tornam-nos a todos cúmplices e críticos dos Macbeth, o casal de nobres capazes de matar o seu rei. Sentimo-nos, simultaneamente, repelidos e atraídos por eles. O que pretendiam com tão terrível crime? Que impulsos, interiores ou exteriores, os conduziram a tal desenlace?
Uns vêem na peça um retrato da ambição política na sua forma mais primitiva; outros, uma fábula sobre a irracionalidade do mal, ou sobre o encontro com os limites quase visíveis da vida e da morte, e sobre os poderes negativos e positivos da nossa ânsia de sobrevivência; outros ainda um braço de ferro entre as forças do feminino e do masculino, que transcende os motivos mais aparentes da fábula histórica.
Tal como Macbeth, todos temos a angústia de saber mais sobre a nossa vontade. Queremos saber quem governa. Se temos nós a primazia, ou os outros, que nos fazemfrente, pela força ou pelos afectos. Ou outras forças ainda, que desconhecemos em nós, ou nos cercam. Vivemos por nós, ou somos vividos por forças que nos empurram a cada escolha? E esse saber, de que nos serviria, na hora de julgarmos os nossos actos.
(texto da autoria de Maria Mesquita, publicado no n.º 179 da revista do Inatel "Tempo Livre")

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Hoje, Corto Maltese chega a Évora

Pandora Groovesnore
Para ficarmos a conhecer Pandora temos de ver/ler "A Balada do Mar Salgado", a primeira aventura de Corto Maltese que foi desenhada e escrita em 1967-69.
- Bom dia, Corto Maltese!
- Eh! Mas como estás bonita! Fazes-me pensar numa valsa que ouvi num "cabaret", em Buenos Aires!
- Talvez, houvesse aí alguém que se parecesse comigo?
- Não, e é justamente porque não te pareces com ninguém que eu gostaria de te encontrar outra vez... fosse onde fosse...
- Eu não iria contigo, Corto Maltese!
- Eu sei!
- Adeus, Pandora!
- Até à vista Corto Maltese!

terça-feira, 24 de julho de 2012

"Livro de moral" de Albert Camus

"Se tivesse de escrever agora um livro de moral, teria 100 páginas, mas 99 seriam em branco. A última teria esta frase: "Só conheço um dever, o de amar..." E, quanto ao resto, digo não, digo não, com toda a força." Albert Camus, Carnets I vol.

Assim falou Zaratustra, Richard Strauss



A partitura de Assim falou Zaratustra viu a luz entre fevereiro e agosto de 1896, inspirada na novela filosófica homónima da autoria de Friedrich Nietzsche (sobrepondo-se à doutrina cristã da exaltação dos humildes, submissos ao poder de um Deus criador, o filósofo germânico concebe, em Also sprach Zarathustra, o mito do profeta sobre-humano, cujos ensinamentos morais, desligados das noções absolutas de bem e mal, visam a profunda transformação da Humanidade). A partitura de Strauss reflete, de modo muito livre, os principais traços deste universo místico, através de um efetivo instrumental avassalador, bem ao gosto da era pós-romântica, o qual engloba quatro flautas, três oboés, corne inglês, quatro clarinetes, quatro fagotes, seis trompas, quatro trompetes, três trombones, duas tubas, percussão (incluindo glockenspiel), duas harpas, órgão e cordas.
A introdução, tornada célebre, à escala global, pela banda sonora do filme do realizador Stanley Kubrick, no filme 2001: Odisseia no Espaço (1968), ilustra o fenómeno grandioso do despertar da natureza, berço intemporal no seio do qual o espírito humano projeta as suas aspirações mais profundas. Sucedem-se depois as preleções de Zaratustra, um conjunto de oito secções interligadas, cada uma das quais principiada com um verso de Nietzsche. A primeira secção, Von den Hinterweltlern (“Das ideias religiosas”), expõe o apelo poderoso das crenças religiosas, nas quais o Homem procura resposta para as grandes questões existenciais que o preocupam. Na segunda, Von der großen Sehnsucht (“Da aspiração suprema”), o tema inicial da natureza reaparece, ao longe, enquanto que a melodia do Credo gregoriano, provinda da secção anterior, parece reiterar a auctoritas canónica sobre quaisquer visões alternativas do mundo e das coisas. O peso das imposições doutrinais provoca um sentimento de revolta na terceira secção, Von den Freuden und Leidenschaften (“Das alegrias e das paixões”). Motivos ascendentes e descendentes, nos violinos, simbolizam aqui a ligação do Homem ao mundo das paixões terrenas, do que resulta uma experiência evolutiva que o conduz desde o fascínio impulsivo, ao apaziguamento e, derradeiramente, ao desgosto. Na quarta secção, Das Grablied (“O canto dos túmulos”), o Homem volta o seu pensamento para o fim inevitável dos prazeres terrenos que experimentara anteriormente. Uma nova interrogação emerge na quinta secção, Von der Wissenschaft (“Da ciência”), protagonizada pelo timbre melancólico do clarinete, após o que reaparecem os motivos da natureza e do espírito humano. Porém, o conhecimento gerado pela ciência não produz explicações definitivas e convincentes para as grandes questões do universo. Sucede-se a sexta secção, Der Genesende (“O convalescente”), na qual a alma humana se liberta do mal e da ignorância, dando origem a um novo ser: Zaratustra. A densidade contrapontística da textura acentua-se, revelando as qualidades superlativas de Strauss como orquestrador. Em Das Tanzlied (“O canto da dança”), o violino solo introduz um interlúdio evocador das danças vienenses, cujo esplendor inicial se vai atenuando, até desaparecer por completo. A oitava e última secção, Nachtlied (“Canto da noite”) constitui a cena de fundo para a consagração definitiva de Zaratustra nas esferas da eternidade, pelo que a atmosfera geral é de exaltação e comemoração das vitórias alcançadas sobre os preconceitos e os medos. Das brumas escuras da noite emerge, enfim, a luz revivificadora, nas cordas, conducente ao patamar desejado, em notas prolongadas, emolduradas pelo timbre sereno dos sopros de madeira.
(da brochura Gulbenkian Música, temporada 2011-2012)

Sería una tragedia que la cultura acabe en puro entretenimiento

"Hoy en día hablar de cocina y hablar de la moda, es mucho más importante que hablar de filosofía o hablar de música. Eso es una deformación peligrosa y una manifestación de frivolidad terrible. ¿Qué cosa es la frivolidad? La frivolidad es tener una tabla de valores completamente confundida, es el sacrificio de la visión del largo plazo por el corto plazo, por lo inmediato. Justamente eso es el espectáculo." Mario Vargas Llosa
Entrevista completa aqui.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Tout va très bien Madame la Marquise


"O hino dos nossos dias devia ser esta velha canção francesa" José Pacheco Pereira no Abrupto

domingo, 22 de julho de 2012

Navio-Escola Sagres

Figura de proa e gurupés da Sagres.
O Navio-Escola Sagres foi construído em 1937 em Hamburgo, tendo recebido o nome de "Albert Leo Schlageter". Em 1945, durante a 2ª guerra mundial, foi capturado pelos americanos e foi cedido ao Brasil, em 1948. Passou a ter o nome de "Guanabara". Em 1962, Portugal comprou-o ao Brasil, passando a usar o nome de "Sagres".
É o terceiro navio-escola Sagres. O primeiro foi uma corveta em madeira, construída em 1858, em Inglaterra. O segundo foi o navio construído em 1896 em Bremerhaven, originalmente com o nome "Rickmer Rickmers". Em 1916, durante a 1ª Guerra Mundial, foi tomado por Portugal, no porto da Horta. Foi-lhe então dado o nome “Flores” e posto à disposição dos ingleses que o utilizaram para transportar material de guerra. Após o final da guerra, o veleiro foi devolvido pela Inglaterra e em 1924 passa a navio-escola Sagres.


Europa - figura de proa

Europa era filha de Agenor, rei de Tiro. Europa era tão bela que não passou despercebida à lubricidade de Zeus. Quando a jovem princesa colhia flores na praia, aproximou-e dela um touro (Zeus metamorfoseado) de aspeto nobre e majestoso: tinha um pêlo fino e macio, de resplandecente alvura e um aspeto cândido e doce. Europa sentou-se sobre o seu dorso e deixou que ele a conduzisse, suave e vagarosamente, sobre a crista do mar.
(de "Mitos e Lendas da Grécia Antiga" de Marília Pinheiro)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Corto Maltese - Exposição

Em Évora, na Fundação Eugénio de Almeida, exposição "Corto Maltese: viagem à aventura", de 25 de julho a 2 de dezembro.
"Talvez a primeira aventura de Corto Maltese, A Balada do Mar Salgado, a história que me deu a grande possibilidade de regressar a um personagem que nascia pela primeira vez. E isso porque não era ele o verdadeiro personagem da história, mas o mar, as ilhas, os atóis, o ambiente. E não o digo apenas num sentido metafórico." Hugo Pratt (1927-1995).

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Relvas, o trepador, brilha até no Tour


Não páram as reações à turbo-licenciatura do ministro Miguel Relvas. Agora, até no Tour de France o ministro português faz furor. Ou não fosse ele um trepador nato. (do site da revista Visão; notícia e vídeo aqui)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Diabinhos negros no governo

D. Januário Torgal Ferreira, em entrevista ao programa "Política Mesmo" da TVI24, referindo-se ao atual governo:
"Eu não acredito nestes tipos, em alguns destes tipos, porquê?, porque são equívocos, porque lutam pelos seus interesses, porque têm o seu gangue, porque têm o seu clube, porque pressionam a comunicação social, etc. O que significa que os anteriores, que foram tão atacados, quer dizer, eram uns anjos ao pé destes diabinhos negros, alguns, que acabam de aparecer". (notícia no site do Diário de Notícias, aqui)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Paul Éluard, L'amoureuse


L’AMOUREUSE
Elle est debout sur mes paupières
Et ses cheveux sont dans les miens,
Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s’engloutit dans mon ombre
Comme une pierre sur le ciel.
Elle a toujours les yeux ouverts
Et ne me laisse pas dormir.
Ses rêves en pleine lumière
Font s’évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
Parler sans avoir rien à dire
A ENAMORADA
Ela está de pé sobre minhas pálpebras
e seus cabelos estão nos meus
Ela tem a forma de minhas mãos
Ela tem a cor de meus olhos
Ela é devorada por minha sombra
Como uma pedra contra o céu.
Ela tem sempre os olhos abertos
E não me deixa dormir.
Seus sonhos em plena luz
Fazem evaporar os sóis
Me fazem rir, chorar e rir,
Falar sem ter nada a dizer.
(tradução: Priscila Manhães, na ZUNÁI - Revista de poesia & debates)
"Quero crer que a "enamorada" do famoso poema de Éluard seja a poesia, essa cujos "sonhos em plena luz" o fazem "parler sans avoir rien à dire". Porque, na poesia, falar para dizer coisas é o mesmo que fazer amor para fazer filhos."
(Manuel António Pina na Notícias Magazine de ontem. Crónica completa, aqui)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Neoliberalismo? Não, obrigado.


Rui Vilar, em entrevista ao Jornal de Negócios (publicada hoje) declara:
"Estamos a usar receitas neoliberais que hoje não funcionam"
Emílio Rui Vilar foi ministro da Economia e Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

"O Som e a Fúria" de Faulkner

Quando se completam 50 anos sobre a morte de William Faulkner, The Folio Society lança uma edição limitada do livro "The Sound and the Fury". Tem uma particularidade o texto está impresso em 14 cores para facilitar a leitura, já que são muitas as mudanças temporais que ocorrem. O escritor tinha mesmo declarado em 1929: "Oxalá a edição estivesse mais avançada para permitir o uso de tintas de cor".
Mario Vargas Llosa tinha mesmo declarado: "Faulkner foi o primeiro escritor que li com uma folha de papel e uma caneta".
A leitura fica facilitada mas subsiste uma dificuldade: o preço desta edição do livro é de 225 libras.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Peer Gynt de Ibsen


Edvard Grieg compôs para a peça de teatro Peer Gynt de Henrik Ibsen.


Sinopse da peça:
Peer Gynt, um lavrador norueguês, passa o tempo a sonhar e perde-se em fantasias que o abstraem da realidade da quinta. Ase, a sua velha mãe, acusa-o de desleixar os trabalhos. Mas Peer tenta convencer a mãe de que um dia será rei ou imperador. A mãe lembra-o que a preguiça lhe custou a noiva, filha de Hegstad, que se prepara para casar. Impulsivo, Peer decide impedir o casamento. Ao chegar, todos troçam das suas roupas andrajosas, exceto, Solveig, mas até ela acabará por o evitar depois de saber da sua reputação. Ofendido, embebeda-se e vai buscar a noiva a um armazém onde ela se tinha fechado. Entretanto, chega Ase que, armada de um bastão se apronta a dar uma lição ao filho. É quando todos os convidados apercebem Peer em fuga para as montanhas carregando a noiva nos ombros.
Peer embarca então numa série de aventuras fantásticas. Abandona a noiva que raptou e embrenha-se na floresta para casar e depois abandonar a filha do rei dos Elfos. Na floresta depara-se com um monstro. Depois de passar, resigna-se a desafiar o monstro para uma luta. Está prestes a ser devorado por uma nuvem de pássaros quando ao longe se ouvem vozes de mulheres e sinos de igreja; o monstro desiste. Peer constrói uma cabana na floresta onde Solveig se reúne a ele para uma existência fora-da-lei. Mais tarde, Peer reencontra a filha do rei dos Elfos e o filho de ambos. De novo, numa cruzada da vida, decide partir e pede a Solveig que espere por ele. Vai despedir-se da mãe, mas encontra-a moribunda. Agarra na mãe e conta-lhe um conto de fadas para a tranquilizar… depois, fecha-lhe os olhos já sem vida, beija-lhe as faces, e agradece-lhe os açoites e as canções de embalar.
Peer está de novo de partida, e deambula mundo fora. Vende escravos na América, ídolos na China, rum e bíblias. É assaltado, mas faz-se passar por um profeta árabe no deserto africano. Foge com uma dançarina, Anitra, mas quando param para descansar, esta subtrai-lhe os seus tesouros. E assim vê-se de novo em luta contra uma vida sem sentido. É coroado Rei dos Lunáticos num asilo, torna-se arqueólogo perante a esfinge e, finalmente, regressa à Noruega de barco. O barco naufraga. Peer e o cozinheiro do navio agarram-se desesperadamente a um destroço; para se salvar, atira o cozinheiro ao mar. Chega, por fim, ao seu país. As aventuras e a sua idade já lhe dão direito a um merecido repouso. Encontra um Fundidor de Botões que lhe diz ter de o derreter, mas Peer recusa-se a perder a alma e implora pela sua salvação. Afirma que, no fundo, não é uma má alma. Mas é justamente esse o problema, Peer não é mau o suficiente para o inferno, mas não merece o Paraíso. E, por isso, vai para a concha e ser transformado num não-ser a não ser que consiga provar ser merecedor do Inferno.
Peer Gynt conta todos os seus feitos: como vendeu escravos, enganou, iludiu e se salvou em troca da vida de outro homem. Mas o Fundidor de Botões permanece irredutível.
Os dois chegam à cabana na floresta e à porta lá está Solveig, agora envelhecida.
Aguarda-o orgulhosamente, vestida para ir até à igreja, de missal na mão.
Peer Gynt atira-se a seus pés e suplica-lhe que revele os seus pecados.
SOLVEIG – Estás aqui! Oh, Deus seja louvado!
PEER GYNT – Grita os meus crimes contra ti!
SOLVEIG – O teu crime? Contra mim? Fizeste da minha vida uma canção de sonho!
PEER GYNT – Mas quem sou eu? Onde estive?
SOLVEIG – Tu és o meu amor. E viveste sempre na minha fé, na minha esperança, no meu coração.
Por detrás da cabana surge a voz do Fundidor de Botões, 
«Voltaremos a encontrar-nos, Peer Gynt. E então veremos...»
enquanto ele se afasta, Solveig diz a Peer,
«Velarei por ti, dorme e sonha agora».
Peer Gynt afunda o rosto no colo de Solveig
(do programa do Festival ao Largo 2012)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

"O Palácio da Ventura" de Antero de Quental

Retrato de Antero de Quental por Columbano

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busca anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formusura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão -- e nada mais!

Outono Árabe - Líbia

O relatório da Amnistia Internacional, intitulado "Rule of law or rule of militias?" descreve uma situação deplorável na Líbia: os milicianos que se recusam a entregar as armas continuam a cometer arbitrariedades: detenções arbitrárias, torturas e assassinatos sucedem-se com absoluta impunidade. Centenas de grupos de milícias impõem a sua lei nos territórios que dominam, e continuam a aplicar a justiça com as próprias mãos. Umas 4.000 pessoas, acusadas de lealdade ao regime de Kadafi, estão em poder destes grupos armados, muitas delas presas em centros clandestinos, em condições deploráveis e sujeitas a torturas.
Segundo o referido relatório: "The National Transitional Council (NTC) and the government it appointed have appeared unable or unwilling to confront the militias" (O Conselho Nacional de Transição e o governo provisório parecem não ter capacidade ou vontade de enfrentar as milícias). Há mesmo uma lei que confere imunidade aos milicianos pelos atos que cometam para "proteção da revolução". O relatório da Amnistia Internacional pode ser obtido aqui.
(adaptado do artigo do jornal El País "Las milicias secuestran la transición libia", da autoria de Maite Rico) 



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Orfeu e Eurídice



O compositor alemão Christoph Willibald Gluck (1714-1787) compôs a ópera Orfeu e Eurídice, que se estreou em 1762, baseada no mito de Orfeu, um dos heróis da mitologia grega.
No dia de casamento com Eurídice, Orfeu teve um grande desgosto. A sua mulher morreu, mordida por uma cobra ao fugir do assédio de Aristeu. Quando Orfeu se encontrava junto do túmulo de Eurídice, surge Eros, deus do amor, com uma mensagem de Júpiter, permitindo que Orfeu atravesse os portões do Mundo Subterrâneo, onde reina Hades. Orfeu não poderá olhar a sua amada nos olhos, ou mesmo explicar porque procede de tal forma. Se transgredir, Eurídice, morrerá de novo. Orfeu aceita e parte em busca da sua amada. Orfeu, que era um exímio tocador de lira, consegue com a sua música convencer fúrias e fantasmas a deixá-lo passar e pode atravessar os Campos Elísios para procurar Eurídice. Orfeu encontra Eurídice mas esta interpreta como sinal de indiferença o facto de ele não a abraçar nem sequer olhar para ela. O seu choro e o seu desespero, fazem com que Orfeu ceda e olhe a sua amada nos olhos. Quando Orfeu olha para ela, Eurídice morre novamente.
É neste momento que Orfeu canta a ária "Che farò senza Euridice", na qual lamenta a perda de Eurídice.
A ópera foi composta para que o papel de Orfeu fosse desempenhado por um castrato. Atualmente, quem o interpreta é uma meio soprano.

domingo, 1 de julho de 2012

Encontros de Arles

Grégoire Alexandre - Sans titre 3, studio, 2010 



De 2 de julho a 23 de setembro: Rencontres Internationales de la Photographie d'Arles. Mais informações aqui.

A marijuana sai do armário


Artigo de opinião de Mario Vargas Llosa, publicado hoje no El País:
"Poco a poco, la batalla por la legalización de las drogas va abriéndose camino y haciendo retroceder a quienes, contra la evidencia misma de los hechos, creen que la represión de la producción y el consumo es la mejor manera de combatir el uso de estupefacientes y las cataclísmicas consecuencias que tiene el narcotráfico en la vida de las naciones.
Hay que aplaudir la valerosa decisión del gobierno de Uruguay y de su presidente, José Mújica, de proponer al Parlamento una ley legalizando el cultivo y la venta de cannabis. De ser aprobada —lo que parece seguro pues el Frente Amplio tiene mayoría en ambas cámaras y, además, hay diputados y senadores de los partidos de oposición, Blanco y Colorado, que aprueban la medida—, ésta infligirá un duro revés a las mafias que, de un tiempo a esta parte, utilizan a ese país no sólo como mercado de la droga sino como una plataforma para exportarla a Europa y Asia. Esta ley forma parte de una serie de disposiciones encaminadas a combatir la “inseguridad ciudadana”, agravada de un tiempo a esta parte en Uruguay, al igual que en toda América Latina, por la criminalidad asociada al narcotráfico. (...)" Todo o artigo aqui

#YoSoy132 reflete na rua


A unas horas del momento de las urnas y de los votos y a casi 24 horas del momento de los políticos, el protagonismo en la Ciudad de México ha vuelto a ser de los jóvenes. Miles de personas han respondido a la llamada del movimiento juvenil #YoSoy132 y han participado en la marcha que ha recorrido las calles de la capital hasta llegar al Zócalo, ya con noche cerrada.
Las velas y las antorchas han iluminado el camino y el silencio, más o menos conseguido, se ha impuesto a las consignas políticas. Desde el jueves, tras el cierre de campaña, México está en veda electoral. “Respeto, compañeros”, ha pedido Arturo Negrete, de 25 años, a quienes se han lanzado con cánticos. “En realidad la veda es para políticos y organizaciones, nosotros solo somos ciudadanos, pero es mejor mantener la calma”, ha dicho.
La marcha, que partió a media tarde de la Plaza de las Tres Culturas, ha transcurrido por la avenida de Chapultepec hasta las instalaciones de Televisa, donde una marea de policías antidisturbios esperaba a los manifestantes. Los agentes han mantenido acordonado el edificio de la cadena de televisión, pero no se han producido altercados.
Amalia Vega ha lucido encantada su camiseta cruzada por el nombre del movimiento. ¿Usted también es 132?. “Por supuesto, esto no es cuestión de edad. Yo tengo 52 y aquí estoy”, ha contestado. Así que jóvenes y no tan jóvenes. 131 universitarios prendieron la mecha en plena campaña electoral, pero el movimiento ha crecido en número y fuerza hasta llegar vivo a la víspera de las elecciones.
La gran marcha, bajo el lema de En vela por la democracia, ha entrado sobre las once de la noche en el Zócalo capitalino. Las velas han inundado en minutos la plaza más grande de América Latina. En unas horas será el momento de las urnas, pero esta noche las calles de Ciudad de México han vuelto ser de los jóvenes. ¿Y a partir de ahora qué? El estudiante Aurelio Pérez mira pensativo: “Mañana a votar, luego ya se verá”.
(artigo de Inés Santaeulalia no site do El País)